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HISTÓRIA DA MICARETA

Foto da Micareta de Jacobina 1936

Foto do Bloco “Assassinos da Tristeza” 1936.

Foto: Juventino Rodrigues.

O outro registro fotográfico foi datado do mesmo ano (1936), registrando outro bloco local que desfilava próximo à Igreja da Matriz de Santo Antônio, na Praça da Castro Alves:

Foto do Bloco “Salgueiros do Amor” 1936.

Foto: Juventino Rodrigues.

 

Na verdade, tudo começou com uma antiga festa francesa, a Mi-carême, que acontecia no país desde o século XV, sempre no meio da quarentena – período que acontece a Páscoa.

Este modelo europeu inventou uma festa de “meia quarentena”, já que antes, o evento acontecia apenas em sua data oficial, no começo do ano. Seu objetivo era integrar a comunidade, sem seguir rigorosamente o dogma religioso de purificação durante quarenta dias antes do renascimento de Cristo. O primeiro contato brasileiro com o termo se deu na cidade baiana de Jacobina, em 1933, quando o jornal local “O Lidador” passou a estimular a realização de novas celebrações na cidade, inspirado pelo modelo francês. A pesar da folia ter sido divulgada nesse ano, havia um precursor que criou um dos primeiros blocos de rua do Estado em 1912.

Trata-se de Porcino Maffei um cidadão Italiano, que organizou os festeiros locais em um grupo batizado de “As Copas” que foi o primeiro bloco carnavalesco do Brasil. Neste período, municípios que hoje são referência na folia, como Salvador e Feira de Santana, nem mesmo tinham um projeto similar. Com a popularização local dos carnavais (fora de época) jacobinenses, em 1935, o mesmo periódico aportuguesou a Mi-carême (que significa literalmente, Meia-quarentena), transformando-a em Micareta, que viera ser conceituado como “carnaval fora de época”. Os jornalistas também sugeriram outros nomes, que ficaram menos conhecidos, como “Bicarnaval”, “Sertanejas Alegres” e “Refolia”.

Em 1936 foi registrado outro bloco os “Assassinos da Tristeza” que conforme o nome, reuniam diversas pessoas para acabar com a tristeza juntada durante o ano. A foto ao lado mostra esse registro feito por J. Rodrigues.

Essas fotos mais que nunca, deixam evidências que Jacobina originou a Micareta, e os instrumentos são comprovações das machinhas que eram tocadas naquela época. As fotos evidênciam imageticamente um pouco da dimensão e os estilos proporcionados pela festa. Segundo Almeida e Oliveira (s/d) nessa época a “filarmônica, ou sociedades musicais era que comandavam as festas”.

Em 1937, a cidade de Feira de Santana, localizada no interior baiano, também realizou sua primeira Micareta, graças a um grupo de cidadãos inconformados pela não realização do carnaval na região, motivada pelas fortes chuvas daquele ano.

Estes feirenses decidiram transferir o período do evento, reunindo inéditos blocos e escolas de samba fora da temporada tradicional, que desfilaram pelo centro da cidade equipado com 200 camarotes.

Até os anos 1990 a folia ficou restrita aos baianos, depois ganhou os holofotes em todo o Brasil e se transformou em uma “febre” entre os universitários e jovens em geral, de outros estados como Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, entre outros.

Os responsáveis por essa popularização do evento foram conjuntos e músicos novos e veteranos do axé, que ganharam destaque no país durante a década de 1990, como Banda Eva, Chiclete com Banana, Netinho, Jamil e Uma Noite, É o Tchan, Asa de Águia, Araketu, Ivete Sangalo, entre outros. É importante ressaltar que todas essas bandas supracitadas já estiveram na Micareta de Jacobina.

No início esse festejo fazia parte de todas as áreas centrais da cidade, tendo como antecedente à micareta a “Lavagem do Beco do Lelinho” que perdurou diversos anos, além do baile vermelho e branco, hoje também extinto.

Atualmente, as Micaretas acontecem durante todas as épocas do ano no Brasil, com versões ao ar livre e também indoor (dentro de casas noturnas), mas sem abandonar suas tradições mais emblemáticas, como o trio elétrico, blocos com os abadás, pipocas e a animação típica do carnaval brasileiro. Em Jacobina, o festejo acontece geralmente no final do mês de abril ou início de maio.

Com a modernização dos trios elétricos, sendo estes cada vez maiores e mais potentes, o circuito que ficou por muito tempo na Praça Rio Brando à Praça da Castro Alves “Matriz” foi transferido. Hoje o evento acontece no circuito da Avenida Orlando Oliveira Pires e Avenida Lomanto Junior, todas essas mudanças foi no intuito de trazer uma melhor acomodação ao público que aqui presencia e o nome atual dado a esta festa da Micareta é “Jacofolia”.

 

​Carnaval x Micareta

Qual a relação entre Carnaval e micareta? Mi-carême é uma palavra de origem francesa que significa literalmente “meio da quaresma”. Em Paris, o primeiro mi-carême foi comemorado por estudantes, comerciantes, açougueiros, comerciantes e lavandeiras, entre as quais elegiam a rainha. A festa da mi-carême acontecia em Paris desde o século XV. Interessante notar que até o século XIX tinha ainda aspecto popular. No meio da quaresma, o povo fazia a Queima do Judas e a Serração da Velha.

Essa tradição popular da festa no fim da quaresma aportou no Brasil desde o século XVIII, por influência lusa. A Missão Artística Francesa que esteve no Brasil no início do século XIX, captou em pintura um momento da Malhação do Judas em Sábado de Aleluia.

 

​ECONOMIA

Um dos principais motivos da realização das micaretas é econômico: no período momesco os cachês artísticos e aluguel dos trios elétricos atinge valores muito altos, além de competir com as maiores e tradicionais festas: Salvador, Rio de Janeiro, Recife e São Paulo, por exemplo. Com a comemoração em outra época não apenas há uma economia na contratação dos artistas e equipamentos, ou a falta de público que prefira os grandes centros - como ainda os artistas e donos de trios também encontram ocupação por todo o ano (algo que não ocorria, até o advento do axé, na década de 1980).

A tradicional Micareta de Jacobina atrai milhares turistas de todo território nacional e até mesmo visitantes internacional, gerando economicamente muitos benefícios para a cidade como emprego efêmero à população, hospedes para a rede hoteleira, alugueis temporários de residências, aluguel do trio elétrico e movimenta todo comércio local, gerando em torno da micareta diversas rendas com confecção dos abadas para os blocos e suas respectivas vendas, além disso, os cordeiros (pessoas que seguram as cordas) e diversos outros trabalhadores ambulantes usufruem economicamente deste evento.

CULTURA

Outros fatores importantes desta festa são os grupos culturais tradicionais que desfilam como o caso do grupo “Os Cãos” e “Filarmônica 2 de Janeiro”, conforme fotos abaixo.

Figura 7: Os Cãos

Fonte: Adenor Gondim

Figura 8: Filarmônica 2 de Janeiro

Fonte: Google (Não foi encontrado fotos antigas da filarmônica)

Cada cidadão, ao conhecer as características sociais, culturais e naturais do lugar onde vive, bem como as de outros lugares, pode comparar, explicar, compreender e espacializar as múltiplas relações que diferentes sociedades em épocas variadas que estabeleceram e estabelece com a natureza na construção do seu espaço geográfico. PCNs HISTÓRIA E GEOGRAFIA (1997).

Referências

ALMEIDA, Ronaldo Rodrigo F.; OLIVEIRA, Valter Gomes Santos. Juventino Rodrigues e a Difusão da Fotografia em Jacobina (1930 – 1940). ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 02: História e Imagem. Disponível em: http://www.uesb.br/anpuhba/artigos/anpuh_III/ronaldo_rodrigo.pdf. Acesso em: 26/01/2011.

 

PCNs HISTÓRIA E GEOGRAFIA, 1997.

 

Site Cidade do Ouro. Disponível em: http://www.cidadedoouro.com.br/2009/09/jacobina-ba-1-micareta-do-brasil.html. Acesso em: 01/06/2010

 

Bibliografias Indicadas

EMOS, Doracy Araújo. Jacobina, sua história e sua gente/memórias: Doracy Araújo Lemos, Jacobina. D. A. Lemos, 1995 

SANTOS, Vanicléia Silva. Sons, danças e ritmos: A Micareta em Jacobina-Ba (1920-1950), Dissertação de Mestrado em História. Pontifícia Universidade Católica, SP, 2001 

SILVA, Alcira Pereira Carvalho. Jacobina Sim . UFBA, 1986.

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PROGRAMAÇÃO DA

MICARETA 2014

 

SEXTA-FEIRA

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​SÁBADO

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DOMINGO

Psirico, Tuca Fernandes e Adão negro

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